“desejos para uma pintura”
para alguém - irreversível – não
poder apagar com a borracha
não que não apague
mas a memoria
ou se esquece
ou é insubstituível
tomara fôssemos feitos de algo
mais que essas sucessivas memórias
e as pinturas ganhassem a leveza
da falta de um tempo
quem dera que a temperatura
da tinta não enrijecesse os sentidos
ao contemplarmos ou entrarmos
na sua narrativa orgânica
mas a vontade do futuro é a da imagem em revolução:
queira ela acrescentar um retrato,
várias figuras numa paisagem,
ou uma simples emoção
Diogo Bolota